Desembrulhe e boa leitura

Desembrulhe e boa leitura

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Ho ho ho

Acredito que o natal seja a época mais doente da sociedade ocidental.
Embora tenha todas aquelas ideias de união, fraternidade, amor ao próximo e solidariedade...
Ainda assim é a época onde as pessoas ficam mais loucas, mais hipócritas, mais superficiais e mais estressadas no ano. Claro que todo mundo se diverte ao fazer um banquete (seja chique ou simples). Também é verdade que crianças pobres ganham presentes de campanhas de doação, além de que há uma espécie de boa vontade que faz com que as pessoas não tenham coragem de negar um prato de comida para alguém que pede na noite de natal. Os ricos são capazes até de colocar um bom pedaço de peru e maionese de batata para dar a um pedinte (afinal, vai sobrar mesmo). Mas desde o dia anterior até o momento exato do banquete é correria, stress, agonia, gritaria, impaciência, brigas e fúria generalizada. Afinal de contas o banquete tem que estar pronto, a casa arrumada, as bebidas geladas... Tudo pra receber um monte de gente chata que só sorri pra você nessas ocasiões. E é óbvio que ninguém quer se dar ao trabalho. Mas para não ficar mal com a família, todo mundo suporta o fardo de preparar um banquete de natal (que demora uns 2 ou 3 dias até comerem tudo).
Fora o banquete, tem os presentes. Tem sempre alguém da família que sempre compra a mesma coisa, tem sempre aquele que promete dar depois e nunca cumpre a promessa e às vezes tem alguém que dá um presente incrível que você vai lembrar por vários anos (com sorte pro resto da vida). Também tem aquele que nunca traz presente, mas ninguém se incomoda com isso (pelo menos ele não prometeu nada). Muita gente acha que tem obrigação de dar presentes de natal. Eu nem sou cristão e, mesmo assim, recebo presentes de natal (cada vez menos, quando se compara com a infância). Eu não vou recusar, até porque todos gostam de presentes. Então eu também visto minha carapuça da hipocrisia. Visto um sorriso, agradeço e desejo feliz natal como o bom cristão que eu não sou.
E quem se aproveita de tudo isso é o comércio. As ruas, os shopping e as lojas parecem formigueiros super populosos. As pessoas enlouquecidas atrás de promoções ou de produtos da moda. A nova geração de um celular (que vai ficar defasado em menos de um ano), roupas, maquiagem, chocolates e toda uma lista de quinquilharias que as pessoas se sentem obrigadas a comprar pra família, amigos, colegas de trabalho, etc.
13º salário é um exemplo de como o trabalhador é trouxa. A verdade é que a grande maioria dos trabalhadores deveria receber salários melhores. Mas, como isso não é interessante a quem paga o salário, sai mais barato dar um salário extra no fim do ano (já que a receita aumenta nessa época). E o que é que o trabalhador faz? Gasta tudo em bugigangas. Bom, não vou julgar ninguém. Boa sorte com as dívidas, de qualquer forma.
E eu nem vou comentar da galera que canta parabéns pra Jesus.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Entrou. Depois nasceu.

Mamou. Depois mordeu.
Andou. Depois correu.
Pensou. Depois escreveu.

Sonhou. Depois sofreu.
Ligou. Depois rompeu
Conquistou. Depois perdeu.
Chorou. Depois bebeu.

Lembrou. Depois esqueceu.
Amou. Depois morreu.

Don Juan...
Depois Romeu.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Um barquinho a deslizar...

Uma vez eu fiz um barco. Usei papel, aquarela e cera de vela. Foi numa aula de pintura. O professor elogiou o fato de eu ter feito uma obra tridimensional, embora tenha reclamado por eu ter acendido uma vela numa sala onde todo mundo tava manipulando papel. Mas eu não liguei pra isso.
Naquela mesma aula eu tinha pintado mais 3 quadros. E disse ao professor que iria dar o barco de presente e não poderia trazê-lo no dia da avaliação, mas mesmo assim ele disse que iria se lembrar e consideraria na hora de dar a nota.
Eu havia pintado a base do barco com tons de azul, pra fazer parecer que ele estava navegando. O barco parecia vivo. Um amigo meu pediu pra segurar pra olhar de perto. Eu mandei ele ter cuidado, pois era frágil, e o entreguei.
Ele parecia espantado com a simplicidade e originalidade daquilo que estava vendo. Quando me devolveu, ele afirmou: "Logo que eu toquei nesse barco, senti um arrepio". Eu não me impressionei.
Eu disse a ele que quando um artista faz uma obra verdadeira, uma parte da alma dele fica nessa obra. É por isso que, mesmo depois que morrem, alguns artistas são lembrados através de suas obras. É por isso que existem obras de arte capazes de realmente tocar o coração das pessoas. Por isso que algumas obras parecem ter vida própria.
Obras de arte são mágicas por natureza, porque carregam pedaços da alma de quem as faz. O processo de produzir uma obra de arte é uma espécie de ritual. Eu havia levado a tarde inteira para fazer o barco, enquanto fazia as outras pinturas no intervalo do processo. Não posso negar que aquilo era realmente especial pra mim. Por isso meu amigo sentiu um arrepio só de encostar no meu barco.
Havia um pedaço da minha alma ali.
Além do mais, aquele barco já tinha um destino.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O amor e seu caráter transcendental.

Uma amiga minha acabou de publicar uma passagem da Bíblia bem interessante sobre o amor.
Coríntios, capítulo 13 (todo o capítulo). Embora na Bíblia que tem aqui em casa esse capítulo se refira à Caridade. O título é 'Excelência da Caridade'. Nas outras bíblias deve estar descrito como 'Excelência do Amor', ou algo do tipo.
Existe um princípio das crenças desde tempos antigos (e também algumas teorias da física) que afirma que tudo o que existe se trata de uma coisa só. Não é à toa que o Universo possui em seu nome um prefixo que remete à ideia de unidade. Em algum lugar também ouvi a expressão "Tudo é um e um é tudo", referindo-se à filosofia dos alquimistas onde essa consciência seria a chave para alterar aspectos da realidade (e na presença da Pedra Filosofal transformar metais em ouro e fazer o elixir da vida eterna).
Existe muita especulação sobre o que de fato poderia ser o amor. Há quem distorça seu significado ligando a coisas mundanas ou egoístas, ou ligando unicamente a um caráter espiritual. A verdade é que o amor é um sentimento que faz com que nós pensemos em algo além de nós mesmos.
Não apenas pensamento, mas o amor estabelece um tipo de conexão. Quando você ama, você está ligado à/o coisa/ser amado (sim, há pessoas que amam coisas). E isso não é uma ligação qualquer. O nível de relevância que se dá a quem/que se ama é equiparável ao que alguém dá a si próprio. É como um segundo eu. Por isso que se considera quem se ama como parte de sua própria vida.
Você reconhece a identidade do outro, bem como sua própria. Mas quando se ama, o reconhecimento que se tem do outro vem adicionado da característica 'ser amado', assim como o reconhecimento de si próprio como 'ser que ama'. E ainda chego a ir mais longe... Quando você se dá conta que alguém te ama, esse fato fica impossível de ser ignorado. E sempre que você pensar nessa pessoa, a característica 'ser que me ama' virá agregada ao que a criatura significa pra você.
Amor é um sentimento que traz essa importância com ele. Não há como amar algo que não considera importante. Se você ama algo, aquilo é importante pra você.
Se prestarmos atenção, tudo o que existe se interliga de alguma forma. Ao que me parece, as conexões estão por aí. Há teorias científicas e crenças religiosas que afirmam a mesma coisa (embora de formas diferentes). O amor nos torna conscientes dessas conexões, ao mesmo tempo que as fortalece (mesmo que às vezes unilateralmente).
O amor é um sentimento que por si só transcende limites. Quando se ama, as pessoas são capazes de fazer coisas que nunca fariam caso não amassem. O amor ultrapassa os limites da lógica, da sanidade, da existência. O amor pode conceder uma força sobre-humana em uma situação crítica, bem como anular completamente o medo da morte. Não é à toa que perder alguém que ama é tão doloroso, pois é como perder parte de si.
A noção de que somos parte de um todo é uma das coisas que pode realmente salvar o mundo (assim como a falta dessa noção pode destruir). Pois além disso ser um fato concreto, ainda há a questão filosófica e sentimental que isso implica. Uma ação individual interfere no contexto geral. O contexto geral interfere em cada indivíduo (inclusive naquele que provocou a ação). Então uma ação que piore o mundo, vai acabar interferindo negativamente na vida daquele que a praticou (a famosa lei do retorno, ou Karma). E os seres humanos em geral sempre acabam esquecendo ou deixando de lado essa noção de coletividade/todo em algum momento. Por puro egoísmo, ou estupidez mesmo.
O amor, mesmo que de forma inconsciente, estabelece uma conexão com  todo. Talvez por isso as religiões afirmem que 'Deus é amor', embora muitos fiés e sacerdotes confundam isso com adoração à figura divina.
O amor é algo que retoma essa noção básica de que nós existimos além de nossos próprios corpos. Existe no amor uma sabedoria que faz com que nosso próprio egoísmo seja solidário. Porque quando o amor se manifesta, podemos nos sentir bem com a felicidade do outro (ou sofrer com a dor do outro). Porque quando amamos, somos todos iguais. Quando amamos, é como se fôssemos todos o mesmo indivíduo. Quando amamos, somos tudo o que existe, tudo o que imaginamos e tudo o que sequer conseguimos imaginar. Quando amamos de verdade, somos Deus. Não é à toa que o amor transcende a própria noção de existência.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Sonho, catarse absoluta.

O mundo dos sonhos é incrível.
Não há regras, nem limites.
Há lógica, embora nem sempre muito clara.
E o que podemos fazer em sonho depende apenas de nossa mente.
Dá até pra voar. 

Além de várias outras coisas aparentemente impossíveis. 
Além de algumas possíveis.
Um sonho sempre começa de forma inexplicável.
E sempre termina de forma inesperada.
Só de pensar sobre os sonhos pode-se aprender muita coisa.
Sobre a vida, sobre a realidade, sobre si mesmo e sobre coisas complicadas de se explicar.


Pobres daqueles que não sonham.
Condenados a viver apenas a realidade
Privados eternamente de suas próprias capacidades.
Impedidos de mergulhar no mundo do subconsciente.

Talvez não sonhem por estarem satisfeitos com a realidade...
Por terem realizado tudo que almejam
E por isso não sonhem.
Mas não creio que seja isso.

Talvez seja algum bloqueio psicológico
Uma espécie de castigo sobrenatural, quem sabe...
Ou simplesmente uma prisão (é o que parece fazer mais sentido)
Já conheci gente que não sonha.
E não foram poucas pessoas.
Mas não saberia dizer quem são.
Talvez por eles não sonharem, ou nunca lembrarem de seus sonhos...
Eu não consiga lembrar quem são essas pessoas.
Mas sei que existem. E não me pareceu que havia algo de errado com elas.
De alguma forma, devem entender mais da realidade do que eu.
Mesmo assim...
Pobres daqueles que não sonham.
 

Já sonhei com muita coisa
Já sonhei com muita gente
Já tive sonhos que se realizaram
E pesadelos também.
Já sonhei com a morte, várias mortes
E com a destruição de tudo o que existe...
Onde o simples ato de acordar tudo recriava.
Já vi apocalipses
E escapei de alguns
Descobri que quando se morre num sonho quase sempre se acorda
Mas quando não acorda é que a coisa fica interessante.
A percepção sensorial muda, ou praticamente some.
Quase tudo vira conceito e o pensamento deixa de ser verbal.
 

Eu não saberia dizer se já compartilhei um sonho com alguém
Isso eu realmente gostaria de descobrir

Sempre gosto de ouvir o sonho de alguém que sonhou comigo
Sempre tive a esperança de poder dizer:
"Sério? Eu sonhei a mesma coisa!"

E continuar a conversa falando de detalhes do sonho ou coisa do tipo.
Talvez se isso um dia acontecer, eu obtenha um outro nível de consciência


Já tive sonhos que podem interferir na vida de algumas pessoas caso eu conte
E caso eu não conte também.
Ultimamente ando me preocupando com um em específico.
Que eu não vou contar. Não importa o que aconteça.

Até fico preocupado por fazer esse tipo de experiência com o destino...
Mas creio que estou fazendo a coisa certa.

Afinal o sonho é meu.
Além disso, o ato de contar poderia ser desastroso
Guardar essa informação é a coisa mais ética a se fazer.



Sonhos são realmente incríveis
Eu já senti todo tipo de emoção num sonho...
Exceto uma:




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.
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Tédio

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Incoerente?

O inferno são os outros
O fruto é do Diabo
O jardineiro é Jesus
E as árvores somos nozes

O pior cego é o que vê TV
O maior sábio fez voto de silêncio
Seguro morreu de tédio
E o assassino se diz autoridade

A esperança é a última que morre
E a tendência é a decadência
Quanto maior o otimismo
Menor a coerência

Na falta de café...

Uma amiga minha postou numa rede social:
"Um café e um amor.
'FERVENDO', por favor."


Então eu pensei em responder:
"Desculpa, mas o café tá em falta."

Mas não respondi.

Talvez por não saber o que ela iria pensar ao ver a resposta...
Talvez porque ultimamente eu tenho estado bastante tímido...
Talvez por não querer insinuar coisas óbvias.

No fim das contas eu não quis dar uma de xavequeiro barato.
Até porque, de fato, eu estou sem café em casa. 
Então não poderia oferecer-lhe tudo o que ela pedia.
Embora eu saiba que ela falou metaforicamente.
O que eu sei é que, independente de metáfora...
Na falta de um, o outro tem de sobra.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Meus olhos, seus olhos...

- Olhe bem nos meus olhos.
- Estou olhando...
- O que você vê?
- Uma bola preta. Também dá pra ver algo como uma íris...
- Sei...
- E nos meus, o que você vê?
- Reflexo.
- Que reflexo?
- Nesse momento o meu... Mas se eu virar pro lado posso ver partes da paisagem.
- Então os olhos são espelhos? Ouvi dizer que eram janelas.
- Talvez todas as janelas sejam espelhos...

domingo, 15 de setembro de 2013

Não aplaudam, aprendam. Ou apenas vejam o vídeo.

Houve uma vez, num Carnaval...
Eu estava andando com meus amigos indo para os shows e alguém na nossa frente jogou uma lata no chão (bem do lado de uma lixeira). Como num gesto automático, sem sequer parar de caminhar, peguei a lata e joguei no lixo. 
Ao fazer isso um grupo de meninas, que estavam atrás de nós, aplaudiram minha ação. A galera em volta tirou onda, dizendo que eu impressionei as meninas e tudo mais. Mas a verdade é que eu nem fazia ideia que jogar uma lata no lixo fosse gerar uma reação positiva de alguém. Até porque não era a primeira vez que eu fazia algo assim.
Agora, relatando esse fato, percebo que há algo de muito estranho com nossa sociedade. E essa coisa estranha é uma falta de noção do óbvio. E isso é tão dominante que, quando alguém faz algo óbvio as pessoas estranham. Pra mim jogar o lixo na lixeira é o mínimo a se fazer. E eu nem vou falar da reciclagem, era uma lixeira comum mesmo.
Havia uma lixeira na frente da pessoa e, mesmo assim, jogaram o lixo no chão. Ao jogar o lixo no lugar certo, fui aplaudido. Isso é realmente estranho, porque eu não fiz nenhum esforço nem nada digno de aplauso. E ter jogado uma lata no lixo não faz de mim um cara ecologicamente correto (afinal esse lixo iria para um lixão, etc.).
Outro dia eu vi uma reportagem que mostrava boas ações de pessoas na cidade. Só que boa parte dessas pessoas que foram ajudadas só precisavam de ajuda porque a cidade estava sucateada (um cadeirante pra subir a calçada na falta de uma rampa, um ciclista que levou uma queda por falta de ciclovia, e por aí vai). A boa ação mostrada na maior parte das cenas só foi necessária porque cuidavam mal da cidade. Essas pessoas NÃO PRECISARIAM de ajuda se aqueles que são pagos para cuidar da cidade fizessem seu trabalho direito. O cidadão não tem que ser um bom samaritano. Isso não é sua obrigação. Eu não preciso jogar o lixo de outra pessoa na lixeira. 
A grande verdade é que se tem como normal agir estupidamente. É considerado normal um político roubar, ou ter programas tão ruins na televisão que alguns canais são chamados de "Rede Esgoto" e assim por diante. É considerado normal uma avenida com engarrafamento, atropelamentos e mortes. É considerado normal que o sofrimento das pessoas seja uma publicidade eleitoral. É considerado normal vaiar médicos estrangeiros como forma de protesto. É considerado normal líderes uma religião que tem no 'Amor' sua principal virtude disseminar mensagens de ódio.
E quando alguém quebra esse padrão isso é tão estranho, mas tão obviamente correto, que essa pessoa é aplaudida ou que se faça uma reportagem dizendo que ainda existem boas pessoas. Nem eu nem as pessoas da reportagem somos santos ou iluminados. Apenas fizemos o que achávamos que deveria ser feito. A nossa sociedade precisa aprender que, por mais que a tendência seja a decadência, todos podem agir de forma consciente.
Eu em meu pessimismo, afirmo com uma certeza quase absoluta, que não tenho esperanças pra esse mundo ou para a humanidade. Mas isso se deve à minha experiência de vida. Se mesmo alguém egoísta e pessimista como eu pode fazer algo de bom, imagina quanto potencial as pessoas normais não teriam...
A grande verdade é que a humanidade tem potencial para salvar ou destruir o mundo. Em minhas limitações, faço o possível para não destruir (e talvez até melhorar, não tenho a pretensão de dizer que poderia salvar o mundo). Meu próprio egoísmo diz que eu quero viver num mundo melhor que esse. Logo, piorá-lo seria trair a mim mesmo. É assim que eu vejo as coisas.
Aqui vai um vídeo no mínimo inspirador, um personagem que enxergou o óbvio em algo e fez o que achava que tinha que fazer. Essa animação é de uma simplicidade tão grande que até alguém pessimista como eu sentiu um pouco de esperança de que o mundo não seja um lugar tão obscuro.

Em vez de aplaudir, sigam o exemplo. Não precisam tentar imitá-lo. Basta que faça o que achar correto quando achar que deve fazer. Saber escolher entre a estupidez e a sabedoria não é algo tão complicado quanto parece. Toda ação gera uma consequência. Se pensar na consequência de suas ações, não será difícil descobrir o que é o certo a se fazer.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Dedicatória



A todos aqueles que já foram fortemente injustiçados
 A todos os que tiveram algo importante roubado pela estupidez humana

A todos que sentiram que não possuíam lugar no mundo
 A todos que já olharam para o próprio abismo várias vezes

A todos que quando mais precisaram da pessoa amada, estavam sozinhos
 A todos que já amaram mais do que a lógica permitia

A todos que sofreram mais do que achavam que poderiam suportar
 A todos que já engasgaram com o choro que não saía

A todos que já se sentiram abandonados pela sorte
 A todos que viveram desventuras perversas do destino
 A todos que já tiveram um pesadelo que se concretizou

A todos que já perderam as esperanças
 E que mesmo assim persistem nos seus princípios

A todos que precisam lutar contra a realidade para não serem esmagados
 A todos que já estiveram à beira da loucura

A todos que nunca serão devidamente compreendidos
 A todos que, por mais que mereçam, nunca serão recompensados

A todos que já viram a morte de perto e escaparam
 E a todos que não escaparam...


Eu entendo como se sentem.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

4:20 Songs / Parodies

Embora tenha participado da elaboração de algumas letras e alteração de outras...
Não me considero autor dessas paródias. Até porque elas surgiram espontaneamente em farras e conversas. E talvez algum Carnaval.
Portanto, sintam-se livres para roubarem a ideia.
Quem quiser tocá-las, fique à vontade.
Outras poderão ser publicadas, dependendo das circunstâncias.




Voltei Cleonice (paródia)
Original: Voltei Recife (marcha de carnaval)


Voltei Cleonice
Foi a PM que me trouxe algemado
Quando eu vi tava o carro dos 'homi' na rua passando
E a gente lá fumando no maior escracho (repete estrofe)

No baculejo, pegaram no meu ovo
E o comandante era um bigodudo chamado José
Que ainda disse: Que todo maconheiro
Merece um tapa na cara, um chute no ovo e um tiro no pé.



O mundo é uma dóla (paródia)
Original: O mundo é uma bola (Calypso)


Você foi fumar com a galera e me deixou de fora
Mas eu tô com grana, vou na boca e compro uma dóla.

Peguei, minha coisinha, eu tratei tratei.
Peguei uma sedinha, então enrolei
Passei a língua na cola e eis que eu apertei
Um longo baseado-o

Pensou!
Que eu ia pedir a baga a você?
Que a minha parada acabou...
Eu eu ia pedir pra salvar?
Ah ah ah, ah ah ah... (Sinal de 'não' com o indicador)



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Speculatio

Estava eu a pensar...
Aquela velha história
Tempestade da memória
Cenas, fatos, significados
Como um bombardeio
E como tudo é tão volátil.
E se desmancha no espaço.

Mas pra que pensar tanto?
Se o mundo está perdido?
- Mas não está. (dirão alguns)
- Mas está se perdendo.
- Mas pode melhorar, (retrucarão)
- Não com a humanidade nele.
- Isso é muito pessimismo (pensariam)
- Mas não é mentira.
Eu diria tristemente triunfante...

Ultimamente parece que o mundo quer sorrir pra mim...
Achando que mostrar os dentes é suficiente.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

TRÄUMER - Cena 1



Duvidava da realidade.
Seja ela qual fosse simplesmente não descia pela garganta.
Impossível engolir aquilo tudo
Não era como se conformar...
Simplesmente não parecia real.
Olhava em volta e tudo parecia falso, fluido, inconcreto.
Como se a qualquer momento, à menor interferência, fosse se desmanchar. Como um floco de neve que cai na testa e derrete com o calor.
Por que pensar no floco de neve?
Nunca tinha visto neve na vida, mas foi o que pareceu.
Estava quente, incômodo...
Mas não era calor o que incomodava, embora também incomodasse. Mas algo parecia sufocante.
Não era como se não pudesse respirar. Mas algo sufocava. E não era pouco. Precisava sair.
Mas sair de onde?
Para ir pra onde.
E fazer o quê?
Simplesmente impossível de responder.
A falta de uma resposta também era sufocante.
O problema não estava apenas do lado de fora, afinal.
De alguma forma, tudo o que acontecia externamente afetava o lado de dentro. Por mais que tentasse ignorar, ou separar as coisas, sempre havia algo que quebrava esses limites.
O isolamento tão sonhado era simplesmente impossível.
Ninguém busca o isolamento por capricho.
Para querer se isolar é preciso um motivo pertinente.
Um motivo banal não é suficiente pra querer se isolar.
Se houver uma lista infindável de motivos banais, a própria lista contaria como um motivo pertinente.
E havia motivos.
Dos mais banais aos mais pertinentes.
Interação parecia ao mesmo tempo inútil e incômodo.
Quanto mais incômodo, mais inútil. E isso incomodava.
Quando quase tudo na vida parece incomodar, é melhor deixar tudo de lado.
Mas como?
Tudo briga desesperadamente o tempo todo por atenção.
Como ignorar coisas que gritam e pedem pela atenção o tempo inteiro?
A própria realidade não aceitava ser ignorada.
A realidade que não descia na garganta simplesmente tentava forçar caminho goela abaixo.
O jeito é dormir...
Mas o sono acabou.
Sempre acaba quando se mais precisa dele.
Os sonhos pareciam dinheiro...
Quanto mais se precisa, menos se consegue.
Estava precisando sonhar.

domingo, 21 de julho de 2013

Dança com a morte

E fomos para o sertão
Terra de poetas e poesia
Para encher o coração
De arte a alegria

Andamos o dia inteiro
E o sol desembestava
O suor ia pingando
Enquanto a bochecha queimava

Eu ouvi de uma amiga
Bem no meio da festa
Que minha bochecha corada
Era o primeiro passo pra virar poeta

Ao voltar pela estrada
Aparentemente sem sorte
Por causa de um buraco
O carro deu capote

Ao som do pneu que derrapa
Vidro que quebra e metal que amassa
De rosto colado com a morte
Dançamos sua macabra valsa

As rodas viradas pro céu
Óleo pingando no chão
Olhei no olhos da morte
"Eu vou morrer?" - Pensei
"Ainda não" - Escutei?

Se minhas bochechas coradas
No poema me inicia
Olhar nos olhos da morte
E sair sem sofrer nada
Contando só com a sorte
Me faz transcender a poesia.


sexta-feira, 12 de julho de 2013

Pessoas B e a vida noturna.

Boa noite ao acordar
Bom dia antes de dormir.
Se o sol me queima a pele
A lua me ilumina a alma

Se o azul do céu é uma prisão
A estrelas me guiam no escuro
Enquanto a noite me desperta
O orvalho da manhã me acalenta

O canto dos pássaros...
Linda canção de ninar
O silêncio da noite
É o que mais quero escutar

No lugar de pressa, boemia
No lugar de trânsito, rua vazia
Se o lado A fosse tão bom...
Do B eu não seria.

Reportagem - Pessoas B

sábado, 6 de julho de 2013

Desrespeitado público...

Tentemos compreender a relevância de certas polêmicas
E no que isso poderia ser útil.
Antes era o futebol.
Aí depois que a galera se revoltou...
Foda-se o futebol.
Agora teve UFC, derrota brasileira...
É o assunto mais comentado do momento.
Tanto faz se o cara entregou a luta ou não.
Só vai fazer diferença entre eles.
No seu mundinho de celebridades.
Não tem lugar pro povo nas arquibancadas do octógono...
Como também não terá nos estádios da copa
Eles agem como protagonistas do sucesso.
E tratam a todos os outros como figurantes.
Ganham rios de dinheiro...
E fingem não ver o mundo em volta definhando.
São idolatrados como heróis...
Mas não protegem ninguém.
E pouco se importam com isso.
Só querem andar de carro e tomar uísque 30 anos.
E o Ibope da Globo continua nas alturas
Só que o povo não percebe...
O quanto é feito de idiota
Essas pessoas só são adoradas...
Porque alguém está pagando caro por isso.
#SomosTodosFigurantes
Nesse palco chamado Brasil.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Teoria Elementar da Informação

Em seu estado mais elementar, tudo é informação.
Desde a mais ínfima partícula que compõe a matéria...
Até o fato de pensarmos sobre isso.
Conhecimento é informação processada e armazenada.
Sentimentos, em seu estado mais elementar é informação interferindo.
Cada aspecto da realidade é composto de informação.
Ao absorver ou soltar uma informação, interferimos na realidade.
Na arte, ao lidar com a informação, criamos realidades.
Alteramos o tempo, o espaço e a visão de mundo de quem contempla nossa obra.
Com quanto mais simplicidade tratarmos disso, mais geniais seremos.
Criar tem que ser fácil.
Deixe seu esforço para aprimorar a qualidade do seu trabalho.
Essa é a verdadeira natureza dos verdadeiros artistas.
Explica até a problemática do Ego.
Somos criadores. Aspirantes a deuses.
Mas em tudo existe uma lógica.
O próprio conceito de criação possui uma lógica elementar.
Dominar as próprias habilidades é o primeiro passo.

Para mais detalhes, leia a reportagem no link ao final da postagem.

Bom, olha a máfia aí.
Pra começar, temos um cartel escancarado (Grande Recife Consórcio de Transportes). Portanto as empresas de ônibus são comparsas, não concorrentes (usando regras do próprio sistema capitalista para fazer esse julgamento).
O serviço é claramente superfaturado. Se fizer um cálculo do custo de um passageiro por viagem (levando em consideração manutenção, salários de funcionários, combustível e impostos sem descontos de isenção fiscal), verá que esse valor de custo é ínfimo. Nem sequer chegaria a 50 ou 70 centavos por passageiro, considerando percursos de Tarifa A e B, respectivamente  (posso até apostar). Vale salientar que o combustível também é mais caro do que deveria, portanto se quebrassem a máfia dos combustíveis esse valor seria ainda menor (fora as isenções de impostos).
Por pura lógica, o valor da passagem chega a ser provavelmente em torno de 3 ou 4 vezes o valor do custo do passageiro.
O roubo é descarado. As condições de trabalho dos funcionários são péssimas. O salário deles é péssimo dada a importância do serviço (sem eles, as pessoas não chegam a seus destinos). Eles fazem uma greve, lutando por uma vida mais digna e o governo responde mandando prender.
É muita grana. Empresários vivem uma vida de barão enquanto tratam os clientes e funcionários de forma desprezível.
Pra completar o Estado ainda é cúmplice dessa farsa, apoiando-a com poder de polícia. E o coronel Governador (só falta o tapa-olho "TWD") ainda quer ser presidente.
Então vamos lutar.
Se os motoristas e cobradores não podem fazer greve, vamos todo mundo fazer greve.
A população inteira entra em greve. Motim geral contra o coronelismo.
Ninguém vai trabalhar. Vamos parar todos os setores da cidade.
Mesmo que tenha ônibus circulando, ninguém vai pegar.
Se ninguém sair de casa, ninguém paga passagem.
Não terá aula nas escolas, nem loja aberta no shopping. Nem funcionário nas repartições. Nem atendente no Mc Donald's.
Pode até ter polícia nas ruas, mas não vai ter ninguém nas ruas.
Vamos fazer Recife virar uma cidade deserta por 2 ou 3 dias.
Vamos ver o impacto que isso causa no Governador.
Se eles querem ser coroné, vamo ser cangaceiro.
#somostodoscangaceiros

Link da reportagem: PM vai garantir a circulação de ônibus na RMR